A escolha de brinquedos seguros, que não causem problemas aos olhos, é uma preocupação para todos os pais
As crianças não nascem com o sistema visual completamente formado. À medida que elas vão se desenvolvendo, o sistema visual vai amadurecendo também. “O bebê apresenta a capacidade de perceber a luz já entre o sexto e o sétimo mês de desenvolvimento intrauterino que é quando as pálpebras ganham movimento. Quando nasce, consegue enxergar o que o rodeia bem de perto – entre 15 e 40 centímetros -, na forma de vultos enevoados, sem detalhes ou profundidade, e apenas distingue algumas cores, principalmente os tons fortes”, explica o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstia Oculares.
No início da vida é como se os bebês vissem o mundo através de um vidro embaçado. À medida que crescem, a visão se desenvolve. É como andar ou falar, uma conquista gradativa, que depende de treino e do amadurecimento neurológico. As conexões da retina com a região do cérebro que recebe os impulsos da visão só ficam maduras por volta dos seis meses de idade.
Os principais avanços no desenvolvimento da visão ocorrem nos seis primeiros meses de vida. Aos dois meses, um bebê ainda não consegue distinguir bem um gato de uma criança que passa ao lado do seu carrinho. No sexto mês, ele já sabe a diferença entre um e outro. Nessa fase, ele começa a ver objetos em três dimensões e tem maior noção de espaço.
Segundo o oftalmologista, até o terceiro mês de vida, os bebês têm dificuldades para coordenar o alinhamento dos olhos, pois os nervos que comandos os movimentos oculares estão em desenvolvimento e devem completa-lo por volta dos 6 meses.
A visão é um dos primeiros sentidos que o bebê utiliza para interagir com a mãe. Além do choro, é pelo contato olho no olho que o bebê busca expressar o que está sentindo nos primeiros meses. É também pela visão que o bebê percebe que é igual às pessoas que o cercam, momento em que descobre a própria imagem no espelho, o que costuma ocorrer entre o primeiro e o segundo ano de vida.
Por volta dos dois anos de idade, a criança percebe o ambiento tal como um adulto, porém ainda não com toda a capacidade visual definida pois o desenvolvimento neurológico completo da visão só se dá entre seis e oito anos.
Ao longo do crescimento, as crianças são muito estimuladas visualmente. E nada estimula a visão de uma criança com mais facilidade do que um brinquedo. Por isto é importante ter em mente que no ambiente doméstico são mais comuns os traumas oculares em crianças provocados por objetos pontiagudos, substâncias químicas e brinquedos. Como a maioria das crianças passa uma grande parte do tempo brincando, os pais precisam se certificar de que estes brinquedos são seguros para a saúde em geral, bem como para a segurança dos olhos. Normalmente, quando os brinquedos não são seguros é porque eles não são adequados à idade da criança.
No caso de traumas oculares graves, cerca de 30% dos pacientes acabam com uma visão muito baixa ou subnormal, e isto corresponde, aproximadamente, a 10% de todo ferimento ocular em crianças. “A prevenção é o melhor tratamento para o traumatismo ocular infantil. Educação e orientação são fundamentais. Informar a sociedade, fiscalizar a indústria de brinquedos, utilizar equipamentos e medidas de prevenção como cintos de segurança, capacetes e eventualmente óculos de proteção podem contribuir na prevenção dos traumas oculares na infância.
Como escolher brinquedos seguros
Na hora de escolher um brinquedo, além de observar a indicação da idade, é preciso ter certeza que o brinquedo é seguro. “Por exemplo, partes bem pequenas podem ser encontradas em brinquedos rotulados para crianças acima de 3 anos de idade. Se a criança tem 4 anos de idade e ainda gosta de colocar as coisas na boca, esse brinquedo não é adequado para ela”, explica o oftalmologista;
O tamanho do brinquedo também é importante. “Se um brinquedo não é grande o suficiente para não caber dentro da boca de uma criança, você pode guardar este brinquedo até que seu filho fique mais velho”, recomenda o médico;
É importante certificar-se que os brinquedos foram construídos de forma robusta e que não vão quebrar ou desmontar com o uso. É aconselhável verificar se as tintas ou os acabamentos não são tóxicos e/ou susceptíveis a descamar;
Brinquedos de pelúcia devem ser laváveis na máquina de lavar. E para as crianças mais novas devem ser feitos sem pedaços minúsculos e fáceis de retirar, como botões ou fitas;
É importante também evitar a compra de brinquedos com pontas ou pedaços afiados ou ásperos. Certifique-se de que os brinquedos com cabo longo – cavalo de pau, vassoura ou aspirador – tenham extremidades arredondadas e sempre supervisione de perto o uso de tais brinquedos pelas crianças;
Evite também comprar brinquedos que atiram objetos no ar – estilingues, armas de dardos ou flechas – para crianças menores de 6 anos. Sempre supervisione qualquer criança brincando com tais brinquedos;
Se a criança está brincando com um kit de química ou com ferramentas para trabalhar com madeira, forneça-lhe um par de óculos de segurança.
Autor: Dr. Fabio Pimenta de Moraes especialista em Oftalmo Pediátrico e Estrabismo.
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